Por Dan Cilva
Ardia muito... os pregos em meus braços, em minhas mãos.
Lembro entre respiros o momento que eu fui arrastado pelas ruas
por meia dúzia de sacerdotes. As vozes zuniam ao fundo
com discursos de ódio "matem o monstro!".
Eu sou o monstro...
Naqueles dias em que meu mundo se revestiu de sangue e
desejo por sangue, onde meus pais foram tirados deste mundo
pelas mãos de meu avô. Tudo o que eu queria era encontra-lo e
foi isso que me fez vagar de guerra em guerra atrás de Vitorius.
Minha visão se perde em meio a escuridão e nela vejo pessoas,
ouço essas mesmas pessoas em seus grunhidos disformes.
Estou cansado, é vazio aqui dentro.
Tem espaço demais para toda essa ira aqui dentro.
Não sinto as pontas dos meus dedos...
Baixei minha cabeça com o peso dos meus devaneios.
Algo se arrastou por entre as pedras,
era possível sentir sua respiração ofegante.
Eu estava cansado e via toda sorte de imagens terríveis
pairando em minha mente e dentre estas viagens havia uma que
acabou se repetindo por uma eternidade de tempo.
Eles estavam andando com seus longos trajes brancos e
em suas mãos levavam velas acesas.
Suas feições fantasmagóricas pairavam por corredores obscuros
ladeados por quadros e vasta prataria, pareciam procurar algo.
Escutei um som pesado de madeira rompendo a escuridão.
Um deles sumiu e os outros andavam mais rápido agora desesperados.
Era possível ouvir a palavra "monstro" sussurrada no meio da noite.