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Querubim


 Por Dan Cilva

Amarrado a cadeira, a memória e sensação me jogaram de volta ao meu primeiro caso bizarro. Isso me deu um choque tremendo e fez meus músculos rangerem contra as cordas que me prendiam. Eu olhei em volta e cercado por seis pessoas cobertos por mantos e máscaras negras, fitei cada um, tentando encontrar em minha cabeça doída onde isso começou...

Ah sim! Foi em um bar... As piores piadas começam com alguém entrando em um bar, dessa vez não podia ser diferente e acho que alguém quis me mostrar algo mais engraçado.

Era sujo, a sentença das moscas varejeiras denunciavam os restos estomacais que umedeciam o chão. Ainda bem que estava meio escuro... O fio de sangue que escorre da minha mão me conduziu até ali e devo dizer, esse chamariz maldito já me conduziu a muitos lugares estranhos mas nenhum exalou tão escarnicioso cheiro.

Meu estômago me fez ignorar o melhor possível os presentes ali e meus pés me mantiveram discreto até o balcão onde pedi uma cerveja e extraia o máximo dos maneirismos do sujeito que me servia aquela fraca bebida. O som da tampinha ao desabraçar a boca da garrafa e cair de encontro a madeira desgastada do móvel a minha frente me levou momentaneamente para alguns lampejos em minha mente. A fina estrutura de metal soava como a cápsula de uma bala ao tilintar no chão frio. Foi a pergunta que me fez voltar tão rápido quanto fui parar nessa lembrança.

-Ei cara, qual foi a piada mais depravada que você já ouviu?

Em meio segundo de desconcerto, a água voou cristalina e sagrada de um frasco que carrego no bolso até o rosto largo e gordo do homem ao balcão. Seu rosto começou a queimar o que fez os bêbados e as prostitutas saírem desesperados em pânico. De toda aquela balbúrdia instaurada, a fumaça subia de trás do desgastado artefato de madeira. O bico de luz mal pendurado em um telhado de amianto balança formando um bailar aterrador de sombras e luz.

-Alzebias, levanta que ainda não terminei com você, praga!

Sua mão é grande e enlaça fácil meu pescoço quando olho por cima do móvel. O demônio me arremessa sobre velhas mesas de latão. Eu precisarei de um bom banho depois que terminar aqui. Alzebias olha para a luz, ela estoura. O brilho que se segue é do lume da minha arma. Uma, duas, três vezes. Entre os estalos de luz ele se projeta sobre mim. Seu peso é imensamente maior do que realmente aparenta.

-Tá precisando de uma dieta.

Com um esforço sobre humano eu rastejo e livrando-me do demônio sem muito remorso ou dificuldade aprisiono em um circulo devidamente riscado no chão, o mesmo que se torna mais asqueroso visto de perto. O lenço já de prontidão em minha boca e nariz não é suficiente para impedir a nausea.

As palavras malditas são proferidas e logo Alzebias desperta. Prontamente de joelhos diante de minha mão espalmada em sua direção, a besta fera se mostra servil. 
-Onde está Fábio?

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