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segunda-feira, 23 de março de 2015

Jo sémen tira

                                                                                                                                                                                                      Por Dan Cilva


Contei-me aos outros como sendo um bom moço, bom, muito bom. 

Era difícil esconder meu rosto por baixo da carne fria da mentira
José dizia que com o tempo e dedicação eu poderia enganar qualquer um e 
que aí residia o verdadeiro poder dos homens. 

José me disse que mentir faz bem, 
você não se expõe e tudo pode acontecer no largo espaço da mentira. 
Enquanto vivesse com José eu deveria mentir sobre qualquer coisa e 
muitas vezes José se tornava repetitivo: 

Nenhuma forma de verdade é perdoada, 
nem meia verdade, 
a omissão, 
nem mesmo a minha versão da verdade era aceitável. 

"A verdade não te cai bem!"

Uma vez contei para uma velha que seu marido havia morrido naquela manhã, 

não deu outra,
a frágil senhora definhou de tristeza e ao fim da tarde, 
quando seu marido também velho chegou em casa, 
viu o corpo frio de sua delicada mulher morta, 
consequentemente, 
pelo choque, 
o idoso também obtou.

Foi uma verdade prematura ou uma mentira disfarçada de verdade?

Faz tanto tempo que nem sei mais. 
Hoje com trinta e poucos, 
José ainda caminha a minha sombra
me vigiando. 

Quer saber se me tornei um mentiroso verdadeiro ou uma verdadeira farsa.